“A lei é igual para todos. Também a chuva molha todos, mas quem tem guarda-chuva abriga-se.” (Francesco Carnelutti)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Até que ponto chegamos!

Não se fala em outra coisa. O STF vai decidir se a lei da ficha limpa se aplica nas eleições deste ano ou apenas a partir das de 2012. Após 11 horas de debate na corte suprema deu empate, 5 ministros (Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Cezar Peluso) votaram contra a validade da Lei nas eleições desse ano e outros 5 (Carlos Ayres Britto, Cámen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie) votaram a favor da lei e contra a candidatura do governador Joaquim Roriz.

O Supremo decide acerca da aplicação da lei para as eleições deste ano. E somente isto! Os ministros não decidirão quem será o próximo presidente! É constrangedor observar que foi preciso a edição de uma lei, e ainda de iniciativa popular, para ensinar o povo a votar, ou melhor, para o povo não votar em quem desviou dinheiro público e se utilizou da máquina pública para auferir interesses pessoais. Até que ponto nós chegamos! A democracia brasileira muitas vezes se confunde com o carnaval, não é à toa que alguns se utilizam da expressão “a festa da democracia”, é uma festa mesmo! O grande Tiririca, em programa eleitoral, confessou não saber nem mesmo o que um deputado federal faz e isso não o impede de ser um dos mais votados. E olhe como a festa é bem maior http://candidatosbizarros.net/

Não precisaríamos dessa Lei se fôssemos inteligentes! Os representantes que elegeremos este ano não são nossas minas de ouro, muito menos nossa esperança pessoal de conseguir aquele cargo em comissão tão prometido. Os representantes são do povo, do povo brasileiro, devem representar os interesses da coletividade, devem trabalhar para efetivar tantos e tantos direitos que apenas existem no papel.

O horário eleitoral não passa de um sumário, que mostra o nome, alguns poucos conceitos e o número do candidato, por isso não devemos nos resumirmos a ele para escolher em quem votar, devemos pesquisar, devemos procurar o passado do candidato, seu perfil, sua história de vida, enfim, verificar se a honestidade é a maior de suas virtudes.

É triste ver que os eleitores se acomodaram a dizer “nenhum presta mesmo!” quando referem-se aos candidatos, para não citar aqui o absurdo maior que é a célebre oração: ele rouba, mas faz! Por isso veio a famigerada lei da ficha limpa. Esperamos que com ela este último argumento para votar em candidatos corruptos se extinga. Mas aí nasce outro problema, haja vista que são poucos os honestos que realmente querem, melhor formulando minha frase, haja vista que os homens de boa índole que deveriam ser representantes do povo não conseguem patrocínio financeiro para concorrer em uma eleição onde outros candidatos gastam milhões e milhões através de apoio de empresários. E não preciso nem dizer o que esses empresários quererão em troca desse apoio.

Mas aí, quando os “ficha suja” tiverem suas candidaturas barradas em quem o povo votará? Em tiririca? Será preciso uma Lei também para proibir a candidatura dos famosos candidatos, ou melhor dos candidatos famosos?

Cansei. Se eu continuar passo horas aqui.

Trocando em miúdos para resumir essa história: não precisamos de uma decisão do STF para dizer quem deve ou quem não deve se eleger, é o povo brasileiro que irá às urnas e decidirá, e, apesar da d(e)ormência de alguns, acredito fielmente que a verdadeira democracia vencerá e Tiririca continuará sem saber o que faz um Deputado Federal. Caso contrário, brevemente tomaremos a iniciativa popular de propor um projeto de Lei que barre a candidatura dos palhaços (os pintados mesmo)!

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